Nova Espécie de Rã é Descoberta no ES

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Após oito anos de pesquisas, a publicação da nova espécie de rã foi publicada no Journal of Herpetology no dia 19 de dezembro. O anfíbio foi encontrado na Pedra do Garrafão, localizada em Santa Maria de Jetibá, na Região Serrana do Espírito Santo.

Uma nova espécie de rã foi descoberta por pesquisadores brasileiros na Pedra do Garrafão, localizada em Santa Maria de Jetibá, na Região Serrana do Espírito Santo. Com 15 milímetros e a característica de colocar e cuidar dos ovos e girinos dentro de bromélias, a rãzinha soma mais uma conquista para o país com a maior diversidade de anfíbios no mundo, cujo total chega a quase 1,2 mil espécies.

Foto: Rodrigo Ferreira/Projeto Bromélias

O anfíbio foi nomeado de ”rãzinha de bromélia do Garrafão” (Crossodactylodes teixeirai). A descrição formal da descoberta foi feita por cinco pesquisadores e publicada na terça-feira (19) no Journal of Herpetology, um jornal científico com reconhecimento internacional.

A descoberta foi resultado de uma expedição realizada em 2015 por pesquisadores do Projeto Bromélias da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e também do Instituto Nacional da Mata Atlântica.

“De lá pra cá, foram realizadas diversas expedições no local. Durante as expedições, 15 pesquisadores estiveram envolvidos, indo ao local, estudando sobre a rãzinha da bromélia do Garrafão”, disse o Coordenador do Projeto Bromélias Rodrigo Ferreira.

Rodrigo disse também que até chegar a publicação da nova espécie foram feitas análises genéticas e morfológicas do anfíbio.

“A ciência precisa de evidências e, por isso, fizemos essa publicação após oito anos de estudos”, disse.

Segundo o coordenador do projeto, o nome da rã homenageia a memória do herpetólogo capixaba Rogério Luiz Teixeira (1959–2015), em reconhecimento aos estudos que realizou sobre a associação entre anfíbios e bromélias, especialmente no Espírito Santo.

Minúscula, cuidadosa e escondida dentro de bromélias

Ovos são colocados dentro das folhas de bromélia; espécie só existe na Pedra do Garrafão, na Região Serrana do ES — Foto: Rodrigo Ferreira/Projeto Bromélias

Ainda de acordo com o coordenador, a rãzinha está entre as 160 espécies do Brasil que se reproduzem em bromélias. No entanto, no caso da rãzinha do Garrafão, trata- se de uma espécie endêmica, ou seja, só pode ser encontrada em Santa Maria de Jetibá e mais em nenhum outro lugar do mundo.

“Ela ocorre apenas entre 1.212 e 1.374 metros de altitude em um fragmento florestal no entorno da Pedra do Garrafão, disse.

Além de diminuta, a rã tem outras características que surpreenderam os pesquisadores.

“As mães colocam os ovos e criam os girinos dentro das bromélias. Ou seja, ela é especialista naquela aguinha da chuva que fica armazenada dentro da planta. Trata-se de um microecossitema que exige de alto grau de especialização dos anfíbios para sobrevivência e reprodução”, comentou.

O pesquisador disse ainda que, diferente dos outros anfíbios que colocam os ovos e vão para outras atividades, a rãzinha da bromélia do Garrafão cuida dos ovos e dos girinos.

“Além dela ser adaptada a vida da bromélia, tanto o pai quanto a mãe cuidam dos ovos e dos girinos. Onde a gente encontra a folha da bromélia com ovos ou com os girinos, também há maior probabilidade de encontrar os pais. Na ciência, isso se caracteriza por cuidado parental, que não é comum em outros anfíbios”, disse.

Importância para a conservação do local

Localizada em Santa Maria de Jetibá, a Pedra do Garrafão é o ponto mais alto do município e rico em biodiversidade. De acordo com o coordenador do Projeto Bromélias, a descoberta da rã é fundamental para a preservação da região.

“Essa descoberta pode influenciar na adoção de políticas públicas, sendo a principal delas meios de preservação da região. É uma região importante por ter elevada biodiversidade e contribuir com diversos serviços ecossistêmicos para a população, como polinizadores, ecoturismo e água potável”, disse Rodrigo Ferreira.

O coordenador disse ainda que seria fundamental a transformação da Pedra do Garrafão em uma Unidade de Conservação, justamente para a preservação da diversidade e para a saúde ecossitêmica, incluindo a dos seres humanos.

fonte:G1ES


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